O Lobo e o Cordeiro se encontraram num cotovelo de caminho. O Cordeiro, apavorado, implorou por sua vida ao ver o predador:
- Por favor, não me coma!
O Lobo o olhou com desdém.
- Por que eu conspurcaria minha liberdade com a carne de um animal de rebanho, nascido para morrer pelas mãos e pela fome de quem o alimenta?
O Cordeiro lançou ao Lobo um olhar matreiro e perigoso demais para um animal comportado.
- Não me tens em alta conta, não é verdade?
- Não mesmo. Tu és comida desde que foste pensado e te é dado obedecer, servir e gostar da servidão a ponto de agradecer a mão que te leva ao matadouro.
O Cordeiro fez um muxoxo e tornou:
- Declaradamente é verdade, Seu Lobo. Liberdade é algo que não me pertence e com o qual não deveria nem sonhar. Mas a SUA liberdade lhe pertence? Lhe é dado alguma vez escolha sobre ser um predaor implacável ou não? O senhor pode ser menos que um caçador sanguinário se assim o desejar perante os outros 'Lobos Livres'? A Alcatéia não será o seu rebanho, que o julgará?
- ...
O lobo e o cordeiro deram-se as patas, sentaram-se juntos debaixo de uma árvore e comungaram da paz dos vencidos e dos iguais.
2 comentários:
não seria o lobo e o cordeiro, 2 faces da mesma moeda?
e o final, a união dos opostos?
ví nesse post uma sequencia do anterior...
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